sábado, 11 de abril de 2009

Numa altura em que estamos prestes a comemorar os 35 anos do 25 de Abril não deixo de expressar aqui algumas palavras sobre a dita revolução e as implicações que ela teve, bem como a continuidade que lhe deve ser dada.


Esse dia, o 25 de Abril de 1974, que quando a mim foi o dia mais importante para o que é a liberdade como nós a vemos, porque pior que estarmos dependentes ou aprisionados por um pais ou um povo exterior é vermos a nossa liberdade posta em causa por pessoas que se diziam portugueses de gema. Já vimos que este nacionalismo extremo não leva a lado nenhum porque assim pomos de parte todos os princípios fundamentais da dignidade humana. É difícil ser contra a revolução porque esta aumentou em muito as nossas liberdades, mas de qualquer modo discordo daqueles que dizem que não é necessária uma nova revolução, porque aquela chegou. Acho que de facto na nossa sociedade falta ser empreendida a maior revolução que já existiu, revolução esta que não necessita de armas nem confrontos, mas sim de poder, o poder de mudar a mente. A mentalidade retrograda é marca na nossa sociedade como uma liberdade condicionada, visto que nos achamos no direito de poder decidir pelos outros e referendar acerca de escolhas da sociedade. Nós temos que colocar de parte o que nos somos, e pensar mais no que os outros podem ser e a legitimidade que eles têm de o ser. A crise, não a económica, mas sim a de valores afecta muito mais a sociedade, porque quanto a mim são muito mais importantes as nossas liberdades e os nossos relacionamentos com os outros do que o dinheiro que vai e volta de mão para mão e nunca chega a ser de ninguém. As fracturas na sociedade não existem por minorias reivindicarem direitos mas sim pela ganancia de as pessoas quererem ter sempre mais e passarem por cima de tudo e de todos para o conseguirem. Os direitos individuais ou colectivos nunca são fracturantes, agora a maneira como se tenta chegar ao dinheiro e ao poder sem nada fazer, através de manobras e jogos que em nada condizem com a lei, isso é que fractura. Existe alguma coisa que fracture mais a sociedade do que o capital? A sociedade sente uma fome incessante por poder e por dinheiro que nenhum direito humano nem nenhum ser humano em particular podem fazer equivaler. Faz-se jogo sujo para se tentar adquirir o que nos vai agradar, sem sequer se dignarem a pensar no sofrimento de quem se pode prejudicar. Dando como exemplo o caso da pena de morte; quando foi abolida achava-se que era uma medida extremista e demasiado liberal, e hoje em dia numa sociedade um pouco mais evoluída nota-se que é de uma profunda injustiça alguém ser condenado por mais que tenha feito, á pena capital que quanto a mim ninguém pode dar senão por ordem do próprio e por seu consentimento. Leva-se muito esta discussão para as questões morais impostas por algumas organizações de diversos cariz, esquecendo que existe uma liberdade para nos optarmos, ou pelo menos devia haver, pela maior abertura religiosa no pais e pela maior escolha associada ao que é de cada um.